Anotei o título... Será que vou ler? Vários me aguardam, na mesa da sala, outros no quarto, e aqui mesmo, ao lado do computador. E dentro também, "n" downloads... O tempo parece que passa tão depressa, que só consigo folhear, e ainda o faço sem o compromisso de virar página por página...porque sou assim, não sei...talvez eu tenha uma alma ainda imatura para me perder na leitura. Preciso aprender a ler mais...
[imagem: via ruffledblog.com] _____ Provavelmente eu ainda esteja escrevendo quando o sol aparecer sobre o horizonte e soprar luz sobre nosso mar verde tão escuro que é quase sempre cinzento. Porque a noite me ameaça com desejos invencíveis de transpor meus limites que cantam madrugadas e acordam ainda sonhadores. E eu escrevo como se sangrasse uma eterna menarca. É quase certo que a lua me encontrará escrevendo quando ela surgir, majestosa, depois de dar um belo chute no sol para avisar que à noite é ela quem manda porque as estrelas lhe emprestam o brilho e um par de brincos novos, todas as noites. E eu escrevo como se bebesse o leite de minha mãe todas as manhãs antes de me dar conta de que ela passou a obrigação de me alimentar à poesia. Também estarei escrevendo quando o relógio de sol marcar a hora metade e o calor estiver tão abrasador que eu desejarei o deserto de palavras, em vão. Elas serão tempestade de areia a fustigar meus olhos e secarem meus láb...
Tenho escrito estórias e assim completando minha história, remanejando meus talentos, reconhecendo meus enganos. Sendo eu. Não por acaso - até por nele não creio - tenho vivido os dias de forma a não contar horas, mas a contar atos. Assim, sigo. Este seguir nada mais é do que a obrigação - o que me cabe neste mundo escola. Mas a palavra tem sido, de qualquer forma, a minha mais cara companheira. Por ela e com ela, perco e ganho noites e dias. Tudo faz sentido quando ela se apresenta e me toma de assalto, abraçando minha alma e meu corpo de modo a desenhar-se diante de meus olhos. Por isso, ouso dizer que não me importo com muito mais do que isso. Já fiz muito e hoje, se faço pouco para o mundo, estou certa de fazer mais para esta viagem a que me lanço apaziguada. Se de mais não sei, não me apresso. Sou os olhos a buscarem a leitura perfeita. E as mãos a desenharem uma caligrafia possível. No mais, caminho. E enquanto caminho, sou. ...
As janelas têm lembranças guardadas no que veem ao longo de anos de espreita e luz. Registre-se o que está gravado pelas estações que passam com a velocidade de uma máquina do tempo. A voracidade egoísta do rodar da vida. Alguém a passar. Alguém a chamar. Um sob uma árvore, a pensar. Mil vultos aqui e ali. Repentes doidos como cliques de câmeras a fotografar o derramar-se fatídico do senhor de brancas barbas e agitadas mãos, porém voz calma em graves tons. Janelas. Ali sangram memórias. Ali singram mares do tempo. A.Gil
Comentários
Será que vou ler? Vários me aguardam, na mesa da sala, outros no quarto, e aqui mesmo, ao lado do computador.
E dentro também, "n" downloads...
O tempo parece que passa tão depressa, que só consigo folhear, e ainda o faço sem o compromisso de virar página por página...porque sou assim, não sei...talvez eu tenha uma alma ainda imatura para me perder na leitura.
Preciso aprender a ler mais...
bjos!