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[bobices de Agla] :: a saia

Em 1975, poucas coisas me incomodavam mais do que aquela saia plissada que eu devia usar quase totalmente abaixo do joelho. Além disso, o tecido era um tanto firme demais e a saia,apesar de plissada, não tinha movimento, era dura,aquilo me chateava.  Se bem que meus joelhos eram ossudos, saltados, esquisitos. Eu os queria arredondados, bonitinhos, bem feitos, enfeitando pernas mais grossas. Que nada! Era daquele jeito mesmo, fazer o quê? Meus cabelos pareciam refletir o que se passavam dentro de mim, eles tinham uma rebeldia intrínseca. Se eu plantasse um ou dois fios num vaso ou num xaxim, o nome seria: 'comigo-ninguém-pode'. Verdade. Eram o ó. Mas eu também não cuidava muito deles não. Não havia essas coisas de cuidar demais, produtos e tal. A gente também não tinha dinheiro para tanto, mesmo se houvesse. Soluções paliativas eram a touca [alguém se lembra disso? para alisar, os bobs gigantes que a gente chamava de manilhas da Sanepar [é a empresa de saneamento aqui

__olhares

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Tenho escrito estórias e assim completando minha história, remanejando meus talentos, reconhecendo meus enganos. Sendo eu. Não por acaso - até por nele não creio - tenho vivido os dias de forma a não contar horas, mas a contar atos.  Assim, sigo.  Este seguir nada mais é do que a obrigação - o que me cabe neste mundo escola. Mas a palavra tem sido, de qualquer forma, a minha mais cara companheira. Por ela e com ela, perco e ganho noites e dias. Tudo faz sentido quando ela se apresenta e me toma de assalto,  abraçando minha alma e meu corpo de modo a desenhar-se diante de meus olhos. Por isso, ouso dizer que não me importo com muito mais do que isso. Já fiz muito e hoje, se faço pouco para o mundo, estou certa de fazer  mais para esta viagem a que me lanço apaziguada. Se de mais não sei, não me apresso. Sou os olhos a buscarem a leitura perfeita. E as mãos a desenharem uma caligrafia possível. No mais, caminho. E enquanto caminho, sou. ... [imagem:

_____velho mundo azul

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[imagem: jdm.com] Raios e relâmpagos.A tempestade eu não sei se está  se aproximando ou indo embora,  mas cai água lá para os lados da  serra do mar. Uns anos atrás eu  poderia dizer com facilidade se  aquela chuva ia ou vinha. Hoje, eu  já não sei.A gente desaprende certas  coisas - porque o mundo também  desaprende a ser como é,  machucado, ferido de guerra  silenciosa travada ao se  defender. De nós.Os humanos desumanos em  questão. Uma ferida exposta parece doer  mais, muito mais que a minha dor.E eu choro pela dor deste mundo  velho e azul.Sem a desculpa de ter crateras  como a lua para se esconder ou  uma cama para se deitar em um  mar da tranquilidade, este mundo  velho caduca entre o  derretimento das calotas de  seus polos e um casal de  espanhóis que lhe fazem o que  bem entendem. El Niño e La Niña  se divertem, já que o planeta  claudica com sua artrose  crônica e sem vontade até de  falar. Por isso só faz uivar

_____escrevo, escrevo, escrevo

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[imagem: via ruffledblog.com] _____ Provavelmente eu ainda esteja escrevendo quando o sol aparecer sobre o horizonte e soprar luz sobre nosso mar verde tão escuro que é quase sempre cinzento. Porque a noite me ameaça com desejos invencíveis de transpor meus  limites que cantam madrugadas e acordam ainda sonhadores. E eu escrevo como se sangrasse uma eterna menarca. É quase certo que a lua me encontrará escrevendo quando ela surgir, majestosa, depois de dar um belo chute no sol para avisar que à noite é ela quem manda porque as estrelas lhe emprestam o brilho e um par de brincos novos, todas as noites. E eu escrevo como se bebesse o leite de minha mãe todas as manhãs antes de me dar conta de que ela passou a obrigação de me alimentar à poesia. Também estarei escrevendo quando o relógio de sol marcar a hora metade e o calor estiver tão abrasador que eu desejarei o deserto de palavras, em vão. Elas serão tempestade de areia a fustigar meus olhos e secarem meus lábios.

_____de idas e vindas

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Caminho é feito para se ir e se voltar. Caminho...ah! é feito para caminhar...

_____janelas[e o tempo]

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As janelas têm lembranças guardadas no que veem ao longo de anos de espreita e luz. Registre-se o que está gravado pelas estações que passam com a velocidade de uma máquina do tempo. A voracidade egoísta do rodar da vida. Alguém a passar. Alguém a chamar. Um sob uma árvore, a pensar. Mil vultos aqui e ali. Repentes doidos como cliques de câmeras a fotografar o derramar-se fatídico do senhor de brancas barbas e agitadas mãos, porém voz calma em graves tons. Janelas. Ali sangram memórias. Ali singram mares do tempo. A.Gil