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Mostrando postagens de 2011

¨remoendo o que não faço

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Então é isso. Tenho passado os dias assim, olhando para a cara cinza-claro da cidade, que me responde chorosa com uma garoa, em pleno final de primavera. E sempre que quero me fazer verão - não porque goste de muito calor, mas é que se chega ao mês de novembro, numa cidade como Curitiba, de clima choroso e melancólico, e se quer ver mais o sol...- foge-me qualquer possibilidade. Minha mãe não gostava desses dias que se arrastavam em um cansativo e deprimente inverno retardatário quando tudo o que o corpo da gente quer é se exibir em vestidos floridos e mostrar os pés em sandálias enfeitadas de cor. Eu devo mesmo ter puxado dela essa ânsia por dias azuis pincelados pelo dourado solar. O curioso é que ela sempre me ouvia reclamar do calor excessivo dos dias modorrentos de janeiro, fevereiro...ou quando eles acontecessem. Tardia a minha percepção da falta que me faz o sol! Agora uno meus pensamentos às sensações e tudo o que me vem é justamente a vontade de me esgueirar litoral acim

__ nua, como a serra, ao longe, desamparada de sol e encanto on Twitpic

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_triste...mais triste que na despedida de meus sonhos mais ri... on Twitpic

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__________um conto de Luís Santana

À Mesa Dobrou a esquina e por pouco não foi atropelado pela turba que desabalada vinha em sentido contrário. Comprimindo-se junto ao muro, teve a camisa lanhada pelos pontiagudos pontos do cimentado em chapisco; passaram como se ele não existisse. E ele, olhos arregalados, mãos espalmadas no paredão, viveu aqueles segundos de susto como se eternos fossem. Não havia como ser exato na conta, mas por ele passaram vorazes bem mais que dez adultos seguidos por um número bem maior do que meia dúzia de crianças. Os gritos não foram bem entendidos; sentiu-se confuso. Guerra, linchamento, revolução? Parou para respirar, lembrou-se de um vulto que vira passar pela entrada do beco, antes da desenfreada turba e se esforçou para não crer nas suas próprias suspeitas. Mergulhou no que via ser de real, o mundo. Vendo-se mais uma vez confuso, entre a loucura e o pesadelo, entre a certeza e a vontade de não admitir. Saíra de um jantar, evento farto, e por

________entre pessoas

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Vejo as pessoas e percebo o mundo que carregam consigo. O que me separa delas é esta janela que se impõe e acaba por nos afastar assim, de quem é tão próximo, por condição. As pessoas são uma parte de mim que desconheço, porque acabo me afastando também - eu que, muitas vezes, gosto de pensar em mim como alguém sem muralhas ao redor. Entediante, implacável hipocrisia. Sou apenas mais um ser humano de coração vadio e pensamento desatento ao que deveria estar tão presente em mim. Por uma simples questão de  humanidade. Nós - todos nós- temos o defeito de nos negarmos ao outro, envoltos em uma casca daquilo que temos por ideal mas que, na maioria das vezes, não passa disso. Vejo as pessoas e não consigo dimensionar a dor que carregam em si. As pessoas me veem e seguem. A maioria de nós vagueia pelo próprio deserto interior. ________________________________

___de flores e viagens

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Gosto de viajar no tempo e encontrar pedaços de minhas lembranças aqui e acolá, para onde me levar o coração. Busca. Espera? Não...apenas a minha viagem predileta. Aspiro profundamente e sinto o cheiro forte e bom das flores que deixei pelo caminho e as que vi quando visitei e revisitei os jardins dos quais apenas em menina ouvia falar. Estão dispostos ali, nas paredes e na terra batida de lugares amados: as flores, as pessoas, meus carinhos, meus poemas e, ainda, alguns discursos de vozes insanas que se tornaram santas de antemão. Por tudo e mais um pouco, há a vida bendita e bem cumprida. E só. ________________________

_____volta e meia

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Então, depois de séculos de um mês inteiro e um pouco mais, ressurge a aprendiz escrevendo por aqui. Minha palavra anda presa, feito um nó na garganta, mas é vasta no meu peito e acaba por sair em ondas.  Por isso, o mais comum tem sido escrever o que chamo de 'momentos soltos'. São situações, cenários, pessoas, gestos que me vêm e os quais preciso soltar, derramar. No mais, sobre o que tenho visto e ouvido, do terremoto no Japão até a 'morte' de Bin Laden, reservo-me o direito de calar. Ainda soa a energia das bombas de Hiroshima e Nagasaki em nossa atmosfera?  Penso que sim. Quem massacra quem? E por quê, afinal?  Eu me calo, sem consentir, mas me calo.  Prefiro a poesia na escrita e na atitude. Ganho um mundo a mais. ______________________imagem: jairobio

____desabafo[mais um?]

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O que me espanta e incomoda? O gosto metálico do tédio espalhado assim, em minha língua, como se eu lambesse toda a rotina mal-amada do mundo.  Mas, o que me entedia ainda mais é a teimosia tirana dos que não enxergam - só porque não querem - uma linha inteira findando e o tempo dela agonizando, enquanto estremece tudo, ao redor. Engulo e a saliva me fere a garganta.  Experimento o medo de quem espera e não alcança e... compreendo a dor da face oculta de qualquer lua anciã. ______________________________ imagem : aglaé.

__________outro hiato

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Só porque me sinto afável e macia. Só porque fui um passo, talvez meio, além. A vida me chamou de volta. Não posso ir, não. Sou muito mais de mim. _________________imagem : alyz®