_____sobre o que somos [sentimos,pensamos]
Hoje eu ia escrever sobre mais um livro lido, que foi delicioso de ler e que me fez viajar pelo tempo e pelos sabores de um mundo que recém-descobria especiarias para conservar alimentos, por exemplo.
Mas, a morte de Saramago calou-me e voltei a pensar na partida das grandes mentes do nosso tempo. É isso. No fato de que parecem escoar deste nosso mundo as melhores, as mais ricas, preciosas mentes.
Aconteceu o mesmo quando olhei para Mandela, dia desses, e cheguei a postar isso em meu flog, onde me referi a ele [Mandela] como um dos últimos grandes espíritos de nosso tempo. E ele já tem 92 anos.
O que sinto, o que tenho sentido, é uma espécie de 'sensação de orfandade'.
Sim, porque os séculos foram se acumulando esculpindo nossa raça -a humana- com o auxílio de espíritos maravilhosos, verdadeiras 'estrelas-guia', faróis norteando nossas mentes, nossa inventividade, nosso querer-crescer-aprender-evoluir.
Isso tudo,em meio a muitas batalhas sangrentas - no sentido literal ou não.
[e não vou mencionar aqui aqueles que também passaram por este mundo usando as vestes de bandidos - a esses deve ter sido determinado tal papel a desempenhar, justamente porque sem o antagonismo, pouco ou nada se vence]
Entretanto, sinto agora que vivemos em um tempo órfão de tanta riqueza. Há uma variedade tão grande de insignificâncias! Há, sobretudo, um oceano de banalidades, de mentes 'rasas', de espíritos obscurecidos,trancados em si mesmos. Os passos são bem mais curtos. Poucos são o que trilham a estrada do pensar.
Então, não se pode negar o vazio que se sente.
Não posso deixar de registrar mais esta marca do nosso tempo.
Homens e mulheres que tinham muito a dizer, falavam pouco, de modo compassado,mas deixaram um mundo inteiro dito.Esculpido.
Agora....quem sabe...a erosão do mesquinho esteja apenas arrastando a terra firme do saber.
Para lá de lugar nenhum.
______________________imagem: mscamp
a música é 'todo cambia', mercedes sosa[clique]
Comentários
bjux
;-)
é isso que sinto dentro do peito, é também assim que tenho sentido o mundo...
são tantos valores perdidos,esquecidos.
tudo é apenas superfície...
um beijo
Abraços
Luiz Ramos