_____outra vida
... E lá estava eu, de novo, parada em frente ao grande relógio da estação de minhas letras. Marquei passagem para algumas horas antes do pôr-do-sol, porque sentia que precisava estar fora da cidade maldita de meus medos. Escolhi o destino usando o dedo e um mapa. Acertei em cheio em uma ilha da polinésia da poesia, mas como não poderia chegar lá de trem, mergulhei na atitude sensata de embarcar para Minas e as vontades do Dirceu de Marília. Ah...o tempo...angustiado, fazia graça de si mesmo e eu brincava de roda em torno dele. Os ponteiros estavam inertes e eu cantava as canções que algum alaúde [mais antigo que a própria poesia de Dirceu] gritara séculos atrás. Não sei. Sempre que eu queria voltar à estação de minhas letras havia uma razão maior para tudo. Principalmente para me ver florida, vestida em fitas e rendas. Quando abria os olhos, o grande relógio engolira com avidez a minha poesia. E eu sorria. Só. ... _________imagem: s.tempo