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Mostrando postagens de 2012

___alma

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Ficou   mergulhada - a alma - pelo tempo necessário em essência sua, tão própria e difusa que mal se cabia. Ficou avisada de danos e de tantas perdas, mas re*inventou as luzes que escolhera dos céus que visitara. Chorou só o pranto cabível - amortecido, quase erótico, excitado pelo buscar prazeres e se devolveu amável...aos braços da luz. A. _________ [imagem: ret da web e edit.]

_______de amar a vida

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Então, minha conhecida me contou a longa história sobre os destemidos grãos-de-bico a festejarem, dentro da panela de pressão, seu cozimento rápido e forçado. Não. Não parece em nada interessante, contudo havia uma riqueza de detalhes contada de forma tão graciosa e simples que tamanha espontaneidade deu-me a sugestão de lembrar a nós, por aqui, que 'fazer amor com a vida' é tudo isso, é fazer qualquer coisa com um prazer de encher os olhos de beleza ou a boca de água, o estômago de borboletas. E cozinhar grão-de-bico inclusive, por que não? Principalmente se disso a gente puder tirar uma boa história, uma animada conversa ali, na esquina, enquanto se paga uma conta ou outra coisa qualquer. É. Fazer amor com a vida nos traz estelares orgasmos. Aquele gozo que somente quem não tem medo de 'pôr a mão na massa' sabe - e pode - sentir. _________________ [imagem:tudopodedarcerto]

_eu, domingo

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Sempre achei os domingos difíceis, arrastados, lentos. Engraçado como a gente acaba se condicionando a uma ideia. Que besteira. Os domingos são dias como outros quaisquer. E mais um dia que a gente ganha para viver. Mas essa coisa toda de condicionamento explica e expõe muito de nós - do quanto nos minimizamos enquanto pretendemos nos engrandecer. Na verdade, somos tão pouco que acreditamos que um dia inteiro é menos que nós, que é menor que nossas vontades, nossos anseios. Ah. Um domingo são as inteiras vinte e quatro horas a serem escritas, dirigidas e trabalhadas, depois de ganhas, quando um relógio autômato dá lá suas doze badaladas e já é madrugada, e já é novo dia. Muita gente nasce e morre em um domingo - durante as vinte e quatro horas vive toda a sua vida aqui. Pelo menos aquela vida. Aquele trecho de um infinito caminhar. Mas faz, de um dia, de vinte e quatro horas, tudo o que tem. E faz bem. Cumpre seu dia, sua vida, com a dignidade de quem aprende o bê-a-bá da vida

____amores moderno$

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Alguns dias me pegam com um sabor amargo, bem aqui, na boca de minha alma. E ainda há quem diga que sou doce. Hoje é um desses dias. Dias em que não creio mais  nas coisas baratas que se compra na zona franca da vida moderna. O 'amor' [por onde andará ele] tem sido vendido e alvo de pechinchas risíveis. Mas para que me demorar pensando em amores que não são meus? Por que me preocupar se as pessoas pensam que estão realmente amando? Vejo olhos vazios de amor. Os homens de quarenta e cinco, cinquenta, sessenta, setenta...fazem filhos nos ventres jovens e sarados de suas Lolitas como se estivessem carimbando um passaporte para a eternidade e querendo demonstrar sua extasiada virilidade em matérias pagas para revistas tão infantis quanto o ser humano urbano hoje é capaz de ser. Elas, dizem-se apaixonadas pela 'experiência' dos homens que conquistaram com duas jogadas de cabelo, dez sessões de bronzeamento depois e algumas  horas de academia. Como eles são mais madu

____há amanhã,sim

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Fico 'de cara' com gente que age como se não houvesse amanhã. Não se iludam, irresponsáveis de plantão. Existe o amanhã, sim. Haverá contas a serem pagas, sim.  Haverá o mal-estar causado pelas atitudes tomadas hoje, haverá o vazio, o oco, no local onde havia, antes, algo que foi usado até não mais poder. Haverá os cacos a serem varridos, de tudo o que se quebrou. Ah. Não se iludam não. Essa coisa  de 'viver intensamente' é poética e tudo mais, perfeita para quem é irresponsável o suficiente para tomar a ideia ao pé da letra.  Mas muito pouco prática. Muito pouco. Claro que é bom viver intensamente. Mas há que se ter responsabilidade, oras.  Por isso, penso eu [ e penso mesmo!] se seus 'heróis morreram e overdose' também...você tem problemas e, se não os tem ainda, amanhã, o mais tardar, terá. É isso. __________________________________

_momentos roubados [delícias da vida]

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Então é isso. Estou em uma sala de cinema, prestes a assistir a um filme com Daniel Craig, um de meus atores favoritos, desta vez protagonizando uma adaptação para o cinema de um romance de suspense escrito por Stieg Larsson.  Acontece que ainda estou sozinha na sala gigante. Não é para menos, pois hoje é uma segunda-feira, são quase treze horas e a maioria das pessoas ‘normais’ está almoçando ou trabalhando. Quanto a mim, gosto de me dar esses presentes – o que tem sido cada vez mais comum desde que me ‘aposentei’.  De novo, escrevo. É o mesmo dia. Sim, ainda é a segunda-feira, 30, estou em outra sala de cinema para uma segunda sessão. Agora, vou assistir a J.Edgar [Hoover].  O primeiro filme foi ótimo e, quando ele terminou, ainda fiquei ouvindo um pouco da boa música [a trilha sonora é excelente]. Depois disso, fui ao banheiro, voltei para o café, garanti o meu, simples, com leite, sem creme, meio a meio, um salgado de queijo e entrei em outra sala, desta vez a 7.  É isso. Um pr

__copo meio cheio

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Eu bebo do copo meio cheio e relato minhas horas em folhas de papel que vão se acumulando como pedaços de mim. Escrevo a lápis. Não porque pretenda apagar as palavras, mas porque, agora, voltei às origens de meus escritos e de minha caligrafia. O lápis desliza e vai tecendo de maneira mais fluente cada palavra, cada frase.   Eu bebo do copo meio cheio. E recebo dos dias um tanto de brisa, um tanto  de chuva e o pó que se acumula sobre os móveis antigos, mas que antes de assentar sobre eles fez pequenas luzes coloridas pelo ar enquanto eu observava, encantada, sua dança. Assim minha quietude se abraça e se deita bocejando mais letras. Bebo do copo meio cheio. Porque prefiro assim. E para quem prefere beber do copo meio vazio entrego a caixa repleta dos benefícios da amargura. Se é que ela tem algum.  __________. É isso. Sou isto. Assim. ______________imagem: do blog 'para onde gira o mundo'

Ela, Elis

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         Eu me lembro de  onde estava em 19 de janeiro de 1982. Eu havia marcado uma visita a uma fábrica de refrigerantes que ficava próxima à casa onde minha irmã morava, desde que se casara, um ano antes. Foi o que fiz pela manhã e, depois, fui almoçar na casa dela, com minha mãe. Estávamos as três, sentadas, conversando, e o rádio estava ligado, como sempre deixávamos. Um costume que perdemos, talvez porque a maioria das rádios já não toque as músicas que amamos.          De repente, silenciamos. Ouvimos, entre uma palavra e outra que dizíamos, a notícia da morte de Elis Regina.          Foi um silêncio de espanto. Pesado, furioso.          Eu me lembro muito bem da sensação.          Elis havia sido, ao longo de toda uma geração que gente como ela ‘puxava’ para seguir em frente, uma das maiores, se não a maior, revelação da música popular brasileira.          A princípio, era apenas a moça de gestos abruptos e exagerados, como exagerado era o seu penteado quando começou a can