Alguns dias me pegam com um sabor amargo, bem aqui, na boca de minha alma. E ainda há quem diga que sou doce. Hoje é um desses dias. Dias em que não creio mais nas coisas baratas que se compra na zona franca da vida moderna. O 'amor' [por onde andará ele] tem sido vendido e alvo de pechinchas risíveis. Mas para que me demorar pensando em amores que não são meus? Por que me preocupar se as pessoas pensam que estão realmente amando? Vejo olhos vazios de amor. Os homens de quarenta e cinco, cinquenta, sessenta, setenta...fazem filhos nos ventres jovens e sarados de suas Lolitas como se estivessem carimbando um passaporte para a eternidade e querendo demonstrar sua extasiada virilidade em matérias pagas para revistas tão infantis quanto o ser humano urbano hoje é capaz de ser. Elas, dizem-se apaixonadas pela 'experiência' dos homens que conquistaram com duas jogadas de cabelo, dez sessões de bronzeamento depois e algumas horas de academia. Como eles são mais madu...
[imagem: via ruffledblog.com] _____ Provavelmente eu ainda esteja escrevendo quando o sol aparecer sobre o horizonte e soprar luz sobre nosso mar verde tão escuro que é quase sempre cinzento. Porque a noite me ameaça com desejos invencíveis de transpor meus limites que cantam madrugadas e acordam ainda sonhadores. E eu escrevo como se sangrasse uma eterna menarca. É quase certo que a lua me encontrará escrevendo quando ela surgir, majestosa, depois de dar um belo chute no sol para avisar que à noite é ela quem manda porque as estrelas lhe emprestam o brilho e um par de brincos novos, todas as noites. E eu escrevo como se bebesse o leite de minha mãe todas as manhãs antes de me dar conta de que ela passou a obrigação de me alimentar à poesia. Também estarei escrevendo quando o relógio de sol marcar a hora metade e o calor estiver tão abrasador que eu desejarei o deserto de palavras, em vão. Elas serão tempestade de areia a fustigar meus olhos e secarem meus láb...
Tenho escrito estórias e assim completando minha história, remanejando meus talentos, reconhecendo meus enganos. Sendo eu. Não por acaso - até por nele não creio - tenho vivido os dias de forma a não contar horas, mas a contar atos. Assim, sigo. Este seguir nada mais é do que a obrigação - o que me cabe neste mundo escola. Mas a palavra tem sido, de qualquer forma, a minha mais cara companheira. Por ela e com ela, perco e ganho noites e dias. Tudo faz sentido quando ela se apresenta e me toma de assalto, abraçando minha alma e meu corpo de modo a desenhar-se diante de meus olhos. Por isso, ouso dizer que não me importo com muito mais do que isso. Já fiz muito e hoje, se faço pouco para o mundo, estou certa de fazer mais para esta viagem a que me lanço apaziguada. Se de mais não sei, não me apresso. Sou os olhos a buscarem a leitura perfeita. E as mãos a desenharem uma caligrafia possível. No mais, caminho. E enquanto caminho, sou. ...
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